No chão, uma pedra não conta histórias.
Estagnada em sua forma, ignora minhas andanças.
Objeto de minha curiosidade,
o significado da pedra
transcende,
e me sinto apenas um
abjeto
a se perder no tempo.
Eu
Não me obrigo pólo algum.
No esquadro de um mapa,
risco em qualquer cor minha sina.
Não me importa o caminho, nem o caminhar.
O que me importa é transpassar a aridez da existencia
e ser eu mesmo, desenhado em traços de ar.
Satélite da vida
O cultivo de pedra, minério, interstício.
O pensamento de nuvens, balão, estorvo.
O sentimento de Vênus de Milo, deserto,
incongruências.
Ao poeta se presta o sátelite da vida.
Sei que a pedra que empurro murro a murro
Sei que a pedra que empurro murro a murro
morro acima, e que volta sobre mim,
são lembranças revoltadas, sem fim,
de criança mal amada, de um casmurro.
Da distância em que me vejo e empurro
esta desgraçada pedra de rim,
de mitologia grega, de arlequim,
não ouço - da razão - o maldito sussurro
que parece prometer o paraíso.
Por isso perco a pose e tropeço
de novo, cada vez mais indeciso.
Porque ouço pensamentos pelo avesso
e minha língua amarrada e de improviso
se explode, gritando sem endereço.
É uma obsessão do homem o pensamento:
É uma obsessão do homem o pensamento:
reflete sobre tudo a todo instante,
e quando mais agudo e penetrante
seu saber, mais aumenta seu tormento.
É dor, a fome de conhecimento.
O desespero de quem tem em mente
que sim, a morte estarã sempre presente,
indiferente a todo sofrimento.
Em outro mundo, ele busca a verdade.
Em outra dimensão, busca conforto.
No mundo do ideal, outra realidade.
O pensamento é um imenso porto.
Na embarcação, está a humanidade.
Em terra firme, só quem já está morto!